Procedimento pode ser utilizado para evitar que pacientes com câncer de intestino grosso, um dos mais incidentes do mundo, passem por sessões de quimioterapia
A biópsia líquida é uma alternativa nova capaz de detectar biomarcadores. O procedimento ainda é mais barato e prático do que métodos tradicionais, além de ser minimamente invasivo – ele também evita que pacientes passem por sessões e efeitos tóxicos da quimioterapia.
Utiliza-se fluídos corporais para análises, tais como: saliva, sangue, LCR e urina. Desses, o sangue é o mais utilizado. Os materiais contidos nos fluidos são compostos, principalmente, por células tumorais circulantes (CTC), DNA tumoral circulante (ctDNA), micro RNA (miRNA), proteínas e exossomos.
- Quantificação das CTCs;
- Identificação de mutações genéticas por meio de análises dos cfDNAs, ctDNAs e miRNAs.
A junção dessas características com o seu uso para monitoramento e acompanhamento de pacientes é uma vantagem da biópsia líquida, além da detecção de resistência do câncer a terapias alvo e da possibilidade de recidiva precoce.
Biópsia líquida como ferramenta de diagnóstico
Isolamento e captura de biomarcadores estão envolvidos nas técnicas utilizadas para a execução da biópsia líquida. As células cancerígenas e seus conteúdos circulantes que atingem a corrente sanguínea foram os biomarcadores utilizados em pesquisas, que tinham como objetivo o desenvolvimento da biópsia líquida como ferramenta de diagnóstico. Os biomarcadores estudados foram:
- As CTCs;
- O ctDNA;
- Os miRNA;
- Os exossomos.
A biópsia líquida também oferece resultados promissores na detecção do câncer em sua fase precoce, principalmente os que se caracterizam por serem assintomáticos em seu início. Diferentemente dos outros métodos tradicionais, o procedimento pode ser feito com maior frequência nos pacientes.
Evidências indicam que o DNA tumoral circulante encontrado na biópsia líquida, reflete melhor do que a biópsia tradicional ou os marcadores proteicos a atividade das células neoplásicas e as transformações pelas quais o câncer passa ao longo do tempo e do tratamento. (ZORZETTO, R, 2017).
Estudos sobre o uso da análise quantitativa das CTCs foram realizados para diversos tipos de câncer e mostraram bons resultados para definição do prognóstico em pacientes com tumores metastáticos, monitoramento de pacientes em tratamento e a caracterização molecular das CTCs possibilita o desenvolvimento de terapias alvo. Uma contagem ≤ 5 em 7,5 ml de amostra, indica um bom prognóstico de sobrevida do paciente em vários tipos de tumores (PALMIROTTA et al, 2018).
Quanto maior a quantidade de CTCs, menor vai ser o tempo de sobrevida do paciente. ctDNA, cfDNA e miRNA (este último regula de forma positiva ou negativa a expressão genética) são capazes de determinar a progressão do câncer, além de suas alterações com o decorrer do tempo.
A evolução de métodos de análise genômica, que são aliados do desenvolvimento tecnológico, permite a captação seletiva dessas alterações genômicas através dos líquidos de maneira confiável e alta sensibilidade analítica (< 0,0001%). São utilizadas plataformas com métodos como ddPCR, qRT-PCR, NGS e RNA-FISH para casos de investigação de células tumorais circulantes.
Sobre o câncer colorretal
Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca), o Brasil vai registrar 44 mil novos casos de câncer colorretal por ano no próximo triênio (entre 2023 e 2025). Desse total, 23.660 devem ser diagnosticadas entre mulheres, enquanto que 21.970 em homens, com predominância nas regiões Sudeste e Sul (70%). A Organização Mundial da Saúde relatou que nos próximos 20 anos o número de casos deve subir para mais de 63%.
Ainda de acordo com o Inca, 45.630 casos foram registrados no país no ano de 2022. O câncer colorretal atinge numa maior escala indivíduos com 50 anos de idade ou mais.
Entre os homens, ele é o terceiro mais frequente, logo atrás dos cânceres de próstata e pulmão. Nas mulheres só perde para o câncer de mama. O tipo mais comum é o adenocarcinoma e em 90% dos casos se origina a partir de um pólipo adenomatoso, que sofre alterações progressivas ao longo dos anos.
A biópsia líquida poderá ser uma alternativa considerável na tomada de decisão em tratamentos de câncer. A facilidade de coleta seriada é uma vantagem para o procedimento em situações em que a biópsia tecidual for limitada.